John Owen foi um grande teólogo que viveu no século XVII. Jonh Piper, teólogo contemporâneo da nossa época, afirma que “ler Owen é despertar para maneiras de enxergar que são tão claramente bíblicas que não entendo como pude ser tão cego”. Owen tem um escrito sobre Romanos 8:13, que possui a seguinte redação: “Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão”. Ele trouxe lições preciosas sobre esse texto que valem a pena serem compartilhadas com os amigos.

A primeira lição que o referido teólogo destaca é a relação de condicionalidade abordada nesse versículo. Afirma que seria como uma relação “medicação e saúde”. Se agir dessa forma, vai ficar bem. Se não agir dessa forma, pode ficar mal. É uma causa e efeito. Afirma ele que “o motivo para que essa proposição seja condicional é que há certeza de uma conexão e uma coerência infalíveis entre a mortificação verdadeira e vida eterna: se você empregar esse meio, obterá esse fim; se mortificar a si mesmo, viverá.”. A questão condicionante é a mortificação do pecado.

O segundo ponto que o supramencionado teólogo destaca é direcionado aos crentes. Essa é uma conclusão que se extrai de Romanos 8:10-11. Vale repetir: essa recomendação é dirigidas aos crentes. Isso quer dizer que não basta a conversão ao cristianismo, reconhecendo que Cristo é único Salvador, para se ver livre do poder do pecado. Owen afirma que os “mais excelentes crentes, seguramente libertos da condenação do poder do pecado, ainda assim devem tomar cuidado, por toda a vida, de mortificar o poder do pecado que habita no interior deles”.

O terceiro ponto trata do Espírito. Ou seja, não somos nós, seres humanos, com nossas próprias forças, que vamos mortificar o poder do pecado que está dentro de nós. É o Espírito Santo que nos fortalece, como podemos concluir da leitura de Romanos 8:14, “porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. Owen afirma que “A mortificação só pode ser produzida pelo Espírito”.

O quarto elemento são os “feitos do corpo”. O corpo , conforme leciona, é considerado a depravação do homem. Os efeitos do corpo são os atos que decorrem dessa depravação. Diz ele que “O apóstolo (Paulo) chama de feitos todas as inclinações da concupiscência, pois ainda que sejam tão somente concebidas e resultem em abordo, a intenção delas era dar à luz um pecado perfeito”.

Com efeito, o “se fizerem morrer”, conforme consta no trecho bíblico inicialmente mencionado (Romanos 8:13), é o ato de matar um corpo vivente que está dentro de nós. Vale dizer, esses atos de depravação ainda estão no interno dos seres humanos, devendo ser mortificados através do Espírito que também vive em nós. Afirma ainda Owen que “Os crentes têm o dever permanente de mortificar o pecado interior que resta no nosso corpo mortal, para que ele não tenha vigor para engendrar as obras ou feitos da carne.“

Por fim, o elemento “a promessa”. Ora, o apóstolo, ainda em Romanos 8:13, garante que, se fizerdes dessa forma, certamente vivereis. Assim, destaca Owen que “A vitalidade, a força e a consolação da nossa vida espiritual dependem da mortificação dos feitos da carne.”. Ele coloca também que “talvez a palavra não vise apenas a vida eterna, mas também a vida espiritual em Cristo, que temos aqui”. Vale dizer, “Não vise a sua essência nem o seu ser, já desfrutados pelos crentes, mas o seu gozo, consolação e vitalidade (…)”.

Queridos, essas são lições muito importantes. Isso porque, embora crentes e com a certeza da salvação, o apóstolo Paulo afirma que persiste a luta diária para mortificar os atos do corpo. Tal situação responde muitos dos questionamentos dos cristãos que, apesar de crentes, ainda têm que lutar diariamente contra vontades pecaminosas.

Boa semana a todos!

Lucas Banhos – 1º Vice Presidente

Bibliografia: Owen, John. Para vencer o pecado e a tentação / John Owen; tradução de Marcos Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.

 

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