“Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça.” Mateus 12:20

A Palavra do Senhor nos ensina que após a fé em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador nossos corações são transformados e, a partir de então, temos uma vida também transformada. É certo que não deixamos de ser pecadores, porém, não somos mais escravos do pecado, porque Cristo nos salvou.

Lendo o livro “A chama inextinguível: descobrindo o cerne da Reforma” de Michael Reeves (tradução Josaías Ribeiro Cardoso Júnior – Brasília, DF: Editora Monergismo, 2016), encontramos uma situação que penso ainda ser bem atual. Segundo o livro, na época da reforma havia o “perigo em relação aos puritanos”, consistente ”na tentação de concentrar-se só no viver santo como resposta ao evangelho às custas da proclamação da livre graça salvadora de Deus”.

Em razão de muitos membros da igreja da época ouvirem sermões apenas sobre a temática dos Dez Mandamentos, “eles permaneciam confusos sobre a possibilidade do perdão divino, e de como ele se daria” e, assim, “agiam como se a salvação dependesse de sua santidade de vida”, que era a questão pela qual Lutero se debruçava. Ora, haja vista que o foco da igreja da época era a condenação, “muitos ficavam ansiosos ao extremo” e ficavam “tentando descobrir se o próprio coração parecia bom o bastante, ou se havia alguma fé ali em que se podia confiar (e assim, confiando não em Cristo, mas na sua própria fé para a salvação)”.

Nesse sentido, enfrentando a situação, surge Richard Sibbes com a pregação sobre Mateus 12:20, citado logo no inicio deste editorial, que foi publicada com o título “O caniço ferido e o pavio que fumega”. Conforme afirma o mencionado livro (A chama inextinguível), Sibbes “buscava retirar os olhos da audiência do coração de cada um deles e dirigi-los ao Salvador, pois ‘há alturas, profundidades e larguras de misericórdia nele superiores a todas as profundidas do nosso pecado e miséria’”. E concluiu dizendo que “’o amor de Deus repousa sobre Cristo, que tanto se apraz nele [assim] podemos inferir que ele também se agrada de nós, se estivermos em Cristo’.”. Vale dizer, “o Pai manda o Filho, e os cristãos são amados nos méritos do Filho, não nos deles”.

Desse modo, o que Sibbes desejava era nos alertar que, “em vez de apenas lançar fardos morais sobre os cristãos imaturos e em conflito, ele lhes mostrava a beleza de Cristo para poderem amá-lo de coração” e que “Só quando os cristãos o fazem é que param de pecar no coração”. Assim, “o caniço ferido é um chamado para os ministros servirem mais à semelhança de Cristo, não esmagando o fraco com fardos, mas sobrando o oxigênio do evangelho no pavio latente de vidas cristãs faiscantes”, afirma sabiamente Reeves.

Sem dúvidas que esse ponto de vista é uma excelente lição.

Lucas Banhos – 1 ° Vice Presidente

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