Nessa série de editorias sobre a reforma, já falei sobre Lutero, Calvino e Zuínglio. Hoje o personagem será Menno Simons, que, embora tenha tido alguns pontos de vista distintos de outros reformadores, foi precursor de um dos movimentos anabatista. Não pretendo aqui trazer seus pensamentos sobre teologia, mas sim um tema discutido por ele na época da reforma e que penso ser ainda bem atual e relevante para nós hoje.

Vamos falar sobre ser um “simples cristão” – título que só conseguimos em razão da graça absolutamente soberana de Deus. Isso por Ele, através do Seu filho, Jesus Cristo, que nos deu a salvação eterna. Aliás, sempre é bom frisar que toda e qualquer manifestação sobre teologia deve levar em consideração Cristo. Jesus é a razão da nossa salvação. Não somos nada sem o Filho de Deus.

Na época da reforma, assim como nos dias de hoje, há pessoas que se consideram acima de “simples cristãos”, como se fossem especialmente concebidos diante do Pai. Sabe-se que na Palavra do Senhor, no antigo testamento, houve pessoas em quem o Espírito Santo agiu de uma forma especial, lhes permitindo visões, arrebentamento ou profecias. Porém, após Cristo, tais situações devem ser vistas com bastante cuidado. Sobre isso, Menno Simons se manifestou:

“Irmão, digo-lhes a verdade e não minto. Não sou nenhum Enoque, não sou nenhum Elias, não sou ninguém que tenha visões, não sou profeta que possa ensinar e profetizar algo além do que esteja escrito na Palavra de Deus e seja compreendido no Espírito. […] Mais uma vez, não tenho visões e nem inspirações angélicas. Nem as desejo, para não ser enganado. A Palavra de Cristo, por si só, é suficiente para mim.”

Dizem que a história sempre se repete com o passar do tempo. Não tem sido diferente sobre o tema em questão. Atualmente, podemos observar dois tipos de comportamento no meio cristão. Primeiro, pessoas que se acham superiores aos “meros” cristãos, afirmando que tiveram uma palavra especial, ainda que não prevista expressamente na Bíblia. E há pessoas que acham que determinados homens ou mulheres têm algo especial e que não são “meros” cristãos; ainda que tais homens e mulheres não deem a si próprios essa qualificação especial.

Tanto um como o outro devem ser severamente combatidos. Grandes homens de Deus que trouxeram lições que até hoje nos rendem frutos não se qualificavam dessa forma. Aliás, muitos chegaram a serem presos em situações até degradantes em razão de sua convicção e fé, como John Bunyan, que escreveu o “O Peregrino” quando estava encarcerado.

Não estou dizendo que Deus não possa conceber determinados dons aos seus filhos, porém é algo que precisa ser visto com cuidado. A Palavra Revelada tem 66 livros ricos em lições do Senhor. Não está aí para ser corrigida, mas sim para ser utilizada para nos alimentar espiritualmente. Boa semana a todos!

Lucas Banhos – 1º Vice Presidente

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